Depois de 2 meses morando no Chile, eu tenho uma péssima experiência com atendimento em restaurantes de Santiago.
Como sou uma péssima cozinheira, eu costumo tomar café da manhã, almoçar e jantar em restaurantes. De todos os lugares que fui até agora em Santiago, 80% deles pecam no atendimento, leia: garçom.
Meu pai sempre me disse que Sāo Paulo era um dos melhores lugares do mundo quando o assunto é alimentação. E hoje eu penso que de certa forma ele está certo.
Dito isso, talvez a minna impressão sobre o atendimento em Santiago é negativamente influenciada pelo nível “acima da média” do atendimento em bares e restaurantes em São Paulo. E olhe, eu já encontrei muito lugar com serviço péssimo por lá.
Elaborando um pouco…
Chileno é no geral calmo. Aparentemente demora muito para se irritar, o que me leva concluir que eles não reclamam muito. O que é ótimo em um certo ponto mas, se ninguém reclama, não tem o que melhorar e o serviço continual uma porcaria.
O que mais acontece aqui é o garçom te esquecer. Ele traz sua comida e,… some.
Se você decide pedir mais alguma coisa, já era. Eu já fiquei sem bebida mais de uma vez por decidir pedir depois que a comida chegou. Conselho: peça tudo de uma vez.
Se você está com pouco tempo então, tem que ser mais radical, já pede a conta quando a comida chegar e, tenha o dinheiro ou cartão na mão quando ele trouxer a conta. Do contrário, você corre o risco de pagar a conta apenas 20 minutos depois que é quando ele decide olhar para a sua mesa novamente.
Outra coisa frustrante é quando você quer mudar alguma coisa no prato. Em São Paulo era comum o garçom perguntar: “A Coca-Cola é com gelo e limão?”. Não importa sua resposta e ele te traz com gelo e limão. Mas aqui é pior, o cara não quer mudar o “padrão”. Parece que o cardápio foi escrito na pedra e, se ele mudar Deus vai castigar.
Por exemplo, eu adoro tomar café da manhā no Bravíssimo, lembra dele? Eles tem uma opção de café com leite + waffle com cobertura de doce de leite e chocolate incrível. Só que, eles colocam cobertura demais e eu acabo não comendo então, eu decidi pedir um desses com cobertura separada e só de doce de leite. O garçom, um senhor muito mal humorado me disse:”Não dá”. Aí eu pedi sem cobertura e ele disse: “Não dá”. Eu respirei bem fundo, contei até 10 e educamente disse: “Senhor, a cobertura que vem é demais para mim, é desperdício. Veja se é possível trazer separado, se não for, eu não quero nada.”
Como eu vou lá com uma certa frequência ele acabou dizendo que ia tentar.
Analise comigo, eu não pedi para ele fazer algo ilegal. Eu pedi para ele me servir “menos” cobertura pelo mesmo preço do cardápio.
E o pior isso acontece toda hora por aqui. Muitos estrangeiros que eu conheço reclamam da mesma coisa. Se você pede para mudar algo, eles se recusam. Eu não sei se e porque eu sou estrangeira ou se os chilenos em geral se conformam em consumir exatamente o que está no cardápio. O mais incrível é que alguns que ficam tão contrariados que parece que eu estou xingando a mãe deles.
Vale uma nota, eu não falo espanhol, eu tento. Aí, quando eu não entendo o cardápio, alguns garçons também ficam muito bravos. Espere aí, até no Brasil algumas vezes eu não entendo eu não entendo o que o nome do prato que dizer. Qual o problema?
Aconteceu algumas semanas atrás, eu sempre almoço em um restaurante perto do escritório e e uma coisa difícil de entender é o tal menu ejecutivo. São uns nomes estranhos sem explicação nenhuma. Então, eu costumo perguntar para o garçom o que é o que. Nesse dia, quando eu comecei a perguntar para a garçonete a menina ficou com cara de retardada surda olhando para mim. Depois, ela ousou
me apressar para eu decidir o que eu queria. Eu olhei para ela e disse :”eu quero ser atendida por outro garçom”. Ela me olhou espantada e perguntou ” O que?” e eu repeti: “Eu quero ser atendida por outro garçom, você é muito mal educada e não consegue me ajudar. Por favor, chame outro garçom”. Ela ficou ali parada como uma estátua e eu mesma chamei outro garçom. Depois desse dia ela já me atendeu algumas vezes, me explica o cardápio e até bate papo comigo.
Sexta-feira eu estate falando para o Eduardo, um chileno que trabalha comigosobre a minha percepção do atendimento em restaurantes em Santiago. Ele me disse que não percebia esse tipo de coisa, talvez estivesse acostumado. Bem, depois dessa conversa fomos tomar um café. Após me deixar esperando uns 5 minutos o garçom me perguntou o que eu queria e me trouxe um café com leite. Detalhe, eu tinha pedido um cafe, só isso.
Neste momento o Edu virou para mim e disse ” Você está certa, algumas vezes o serviço aqui é péssimo e eu nem percebo.”
Aí eu te pergunto: Brasileiro estressado ou Chileno acostumado?